Assunto interessante:
O BRIEFING, E OS PROBLEMAS DELE MAL PASSADO.
"A BOA CULPA É DA FORÇA AÉREA REAL INGLESA
O termo briefing, como milhares de outros em propaganda, marketing e outras áreas que envolvem procedimentos com métodos e metodologias que repetem padrões, nasceu no ambiente militar. Durante a II Guerra Mundial, quando os oficiais da RAF – Força Aérea Real Inglesa reuniam-se com os pilotos para orientar uma missão, eles transmitiam um “briefing”. A palavra designava o dever a ser cumprido. Cada piloto recebia as informações sobre a importância e a localização dos alvos para ataque, bem como para resgates. O vocábulo migrou para o ambiente publicitário e ficou restrito a ele por vários anos. Era chique dizer: “Passar ou receber um briefing”. Chique, porém nem sempre eficiente. São notórias as interpretações erradas na hora da conversa entre agências e clientes – e também as consequentes causas de briefings mal-interpretados: perda de tempo, energia, dinheiro e até de contas.
Com o tempo, a palavra começou a ser usada também por outros profissionais e seu emprego hoje é comum pelo pessoal de laboratórios, escolas, jornalistas, de TI e principalmente de design e arquitetura. De tanto observar as dificuldades que algumas pessoas têm com o assunto, solicitei a alguns amigos – profissionais experientes de diversas áreas – que transmitissem para mim suas opiniões. Reparto o que eles disseram.
Fuja do “briefing-petição”, quele que vem no formato de um simples pedido e se expressa na linguagem protocolar das licitações. É o tipo de solicitação que detalha todas as especificações do projeto e tenta definir os passos que o executor deverá seguir. Este tipo de pedido engessa de cara o trabalho a ser realizado, isto é, inibe a criatividade e a inovação. Como resultado final virá um trabalho malfeito, malpensado e quase sem apelo. Chama-se “colocar o briefing no ar”. Aquele que solicitou o trabalho acredita que cumpriu seu papel e se livrou do problema ao passar burocraticamente a tarefa para o outro. Passou o trabalho para frente, mas não colaborou em nada com o desenvolvimento criativo da obra. Empresas muito certinhas, que só sabem seguir processos formatados, trabalham assim.
Outro cuidado é se lembrar de que quem pede um briefing geralmente não conhece todas as ferramentas que podem ser usadas na aplicação da peça criativa. Cabe àquele que pega a incumbência orientar o solicitante sobre todas as possibilidades da aplicação da peça a ser criada, seja para anúncio, documentário, site, blog ou a formulação de trabalho em indústria. Se puder gravar a reunião, grave. Se puder levar um assistente para ajudar a anotar, melhor. Um bom parceiro ajuda a pensar e a equalizar o trabalho. Ele pode enxergar aquilo que não enxergamos.
O profissional que conduzirá a tarefa deve prestar muita atenção à fala dos que fazem a encomenda. Ser investigativo, provocar e perguntar sobre tudo e, muitas vezes, fazer o papel de advogado do diabo, discordando do cliente. O bom tomador de pedidos é hábil nas perguntas impertinentes e idiotas, pois sabe que elas abrem possibilidades aos caminhos mais criativos.
Na elaboração do pedido, o cliente não deve esconder nada. Falar tudo o que precisa ser dito, até sobre os possíveis defeitos, imperfeições e problemas futuros. O perguntador deverá saber conduzir a conversa por meio de rascunhos, desenhos, gráficos e ser bom na elaboração de metáforas. Uma boa analogia do tipo: “É como se fosse assim...?” ajuda os dois lados a se entenderem melhor.
Um bom sistema é construir o objetivo do trabalho juntos. Por meio de reuniões, revisões e conversas, inclusive as informais, vai-se construindo uma linha de pensamento. Com o tempo, o discurso ganha consistência e tudo fica mais fácil. Só assim nos livramos do dissabor de ouvir na entrega do trabalho: “Não era nada disso que eu queria”. A culpa de um mau briefing é sempre de quem o recebe, por isso, se precisar, negocie mais tempo e retorne à investigação. É melhor arrumar o andamento do trabalho no meio do caminho do que refazê-lo. Dar feedback informando o passo-a-passo da jornada é prova de profissionalismo.
As dificuldades do briefing estão relacionadas ao tipo de cliente. Existe o prolixo, que só fala, fala e não sintetiza o que deseja. Mas também existe o que não sabe verbalizar o que necessita. Um dos mais complicados é o tipo político, aquele que para agradar se compromete com todos, fala em nome de terceiros, não toma decisões e prejudica o andamento dos trabalhos. E existe o mandão, que já vai dizendo: “Faça do jeito que estou mandando e estamos conversados”. Ou ele entende muito do assunto ou gosta de mandar. No primeiro caso, é o cliente mais tranquilo com quem se pode trabalhar, pois dá segurança e se responsabiliza pelos resultados. Todavia, se ele apenas gosta de mandar e não entende de nada, será difícil trabalhar com ele. Os profissionais de criação, nesses casos, sofrem porque realizarão um trabalho a contragosto – sabendo que os resultados serão desastrosos de antemão."
Eloi Zanetti
AS CHUPAÇÕES PUBLICITÁRIAS. ASSUNTO ANTIGO.
"Chupações e chupadores
Daniel Funes
Você que trabalha em propaganda conhece bem esse assunto e provavelmente já teve alguma de suas idéias chupadas. Eu mesmo tive várias, e confesso que já tentei chupar algumas do One Show. O que mais me emputece nisso não é ter a idéia roubada, mas constatar a mediocridade e pobreza de espírito do ser humano.
Ter idéia é um momento de brilho, uma espécie de dom. Roubar idéia é uma coisa rasteira e covarde. Para evitar ser roubado, desenvolvi algumas técnicas que podem ser úteis.
Quando tenho alguma idéia, não falo nem com o diretor de arte. Mando um e-mail e, para evitar rastreamento, coloco no subject "Corrente". Para ser mais previdente ainda, escrevo a idéia no meio de uma poesia.
Outra tática bastante eficiente consiste no seguinte:
1- tenho a idéia;
2 - saio da agência;
3 - ligo no celular do diretor de arte e conto pra ele;
4 - volto pra agência como se tivesse ido ao banco, sento na frente do meu computador e não falo mais sobre a idéia. Nem com o diretor de arte.
Também existe outro estratagema. Na hora de passar a idéia para o diretor de arte, mais uma vez fico em silêncio. Não falo, só escrevo num post-it. Mas em letras minúsculas, bem pequenas mesmo. Ele, o diretor de arte, tem uma lupa, com a qual consegue ler o texto, e, assim, a idéia está criada.
Já o diretor de arte, para não ser copiado enquanto cria, usa sobre a tela do computador um insulfilme. Assim ninguém vê o que está sendo criado (nem ele), e quando imprimimos, é sempre uma grande surpresa.
Assim, com essas técnicas de autodefesa e guerrilha, nos livramos dos chupadores e das chupações. Já a vingança vem quando mostramos que não precisamos chupar, pois sabemos criar."
Ter idéia é um momento de brilho, uma espécie de dom. Roubar idéia é uma coisa rasteira e covarde. Para evitar ser roubado, desenvolvi algumas técnicas que podem ser úteis.
Quando tenho alguma idéia, não falo nem com o diretor de arte. Mando um e-mail e, para evitar rastreamento, coloco no subject "Corrente". Para ser mais previdente ainda, escrevo a idéia no meio de uma poesia.
Outra tática bastante eficiente consiste no seguinte:
1- tenho a idéia;
2 - saio da agência;
3 - ligo no celular do diretor de arte e conto pra ele;
4 - volto pra agência como se tivesse ido ao banco, sento na frente do meu computador e não falo mais sobre a idéia. Nem com o diretor de arte.
Também existe outro estratagema. Na hora de passar a idéia para o diretor de arte, mais uma vez fico em silêncio. Não falo, só escrevo num post-it. Mas em letras minúsculas, bem pequenas mesmo. Ele, o diretor de arte, tem uma lupa, com a qual consegue ler o texto, e, assim, a idéia está criada.
Já o diretor de arte, para não ser copiado enquanto cria, usa sobre a tela do computador um insulfilme. Assim ninguém vê o que está sendo criado (nem ele), e quando imprimimos, é sempre uma grande surpresa.
Assim, com essas técnicas de autodefesa e guerrilha, nos livramos dos chupadores e das chupações. Já a vingança vem quando mostramos que não precisamos chupar, pois sabemos criar."